Artigo publicado no jornal Take-Off de Maio de 2013
O Exército Português adquiriu recentemente equipamento “Joint Precision Airdrop System" (JPADS) que permite o lançamento em pára-quedas de cargas, com elevada precisão. É na Brigada de Reacção Rápida, nomeadamente na Escola de Tropas Pára-quedistas, em Tancos, que se encontra este novo equipamento de tecnologia avançada e que vem sendo utilizado desde o primeiro semestre de 2012 na área do abastecimento aéreo.
Embarque dos SOGAs que acompanharão a carga |
O sistema de guiamento por GPS é em muito similar ao utilizado pelas bombas chamadas "inteligentes", com a diferença óbvia de ser utilizado no sistema de controlo do pára-quedas da carga, largada a partir de uma plataforma aérea, no caso um C-130 ou C295 da Força Aérea.
Na missão que o Take-Off teve a oportunidade de acompanhar, simulou-se o abastecimento aéreo em zona de conflito, onde, devido à presença de forças hostis no terreno, a carga será largada a partir de uma altitude de 24.500 pés (cerca de 7350m), considerada segura relativamente a armamento anti-aéreo identificado na zona pela Intel. A acompanhar a carga seguem por isso Saltadores Operacionais de Grande Altitude (SOGAs), devidamente apetrechados com equipamento de oxigénio, essencial para a operação a altitudes não fisiológicas, como é o caso.
SOGAs com equipamento para saltos de grande altitude |
Previamente, todos os dados meteorológicos e do terreno onde será lançada a carga e pára-quedistas (zona de aterragem), são recolhidos e analisados, de modo a efectuar os cálculos para identificação do rumo que a aeronave deve tomar durante a largada, bem como o ponto de lançamento.
Antes da missão, têm lugar rigorosos briefings, nos quais todos os aspectos da missão são dissecados, com especial incidência no aspecto da segurança, redobrada pelos riscos acrescidos que representam a grande altitude e a presença de pára-quedistas e carga em voo ao mesmo tempo.
Dada a grande altitude a que se processa a missão de lançamento, que obriga em si a operar com a aeronave despressurizada (cabine aberta), toda a tripulação (pilotos, loadmasters, etc) tem que utilizar também equipamento de oxigénio. A bordo segue também um fisiologista de voo, que monitoriza permanentemente as condições físicas dos saltadores.
Com a aeronave na final para o lançamento, acende-se a luz verde no interior do C295 e dá-se início à saída da carga e saltadores com a cadência adequada, que permite reduzir a possibilidade de colisões no ar.
A carga na descida em calote |
Quando em calote (pára-quedas aberto), a carga comporta-se como um saltador pára-quedista experiente, em termos de atitude em voo, uma vez que o sistema de guiamento está constantemente a recolher dados de direcção, intensidade do vento e altitude, para redireccionar e efectuar o circuito de espera mais adequado a colocar a carga no local previamente definido.
Sistema de comando para movimentar a carga a partir de terra se necessário |
O sistema permite ainda a alteração das coordenadas de aterragem da carga, mesmo com esta já em voo, podendo ainda, e em alternativa para fazer face a qualquer imponderável de última hora, ser redireccionada para novo ponto, através de controlo remoto por um operador em terra.
Na chegada ao solo, nenhuma surpresa e a carga aterrou com uma precisão de escassos metros do ponto marcado no GPS. Passados poucos segundos, começam a aterrar os pára-quedistas devidamente armados e equipados, que numa situação real garantiriam a segurança da carga e do perímetro circundante.
A aterragem a escassos metros do ponto marcado por GPS |
Este novo sistema, além de extremamente preciso (conforme aludido a carga guiada por GPS comporta-se como um saltador experiente) tem inúmeras aplicações, tanto militares como civis, podendo por exemplo servir para abastecer populações isoladas por catástrofes naturais, em situações em que a aterragem da aeronave não seja possível, devido por exemplo a inexistência de pista adequada, ou condições meteorológicas que não o permitam.
O sistema agora em operação pelo Exército, é por isso uma mais-valia assinalável, tanto para as Forças Armadas, como para o país.
O sistema agora em operação pelo Exército, é por isso uma mais-valia assinalável, tanto para as Forças Armadas, como para o país.
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