Artigo publicado no jornal Take-Off de Março de 2015
Typhoons FGR4 alinhados junto à torre de controlo de Lossiemouth, Escócia |
Eurofighter Typhoon FGR4 |
De periodicidade
semestral, o Joint Warrior, tornou-se no maior exercício táctico europeu. Prova
disso foram os 55 navios de superfície e submarinos que reuniu na sua primeira
edição de 2015 (15-1), entre 13 e 24 de Abril. Entre eles, pela primeira vez desde
2008, uma participação portuguesa, com a fragata NRP Álvares Cabral e o Lynx
Mk.95 do destacamento “Hooters” da Esquadrilha de Helicópteros da Marinha
(EHM).
A guerra no ar
Parelha de Tornado GR4 da Esquadra XV (R) regressa a Lossiemouth |
Edições anteriores contam
com uma extensa lista de esquadras aéreas e aeronaves participantes, tanto internas, como externas, com
especial assiduidade para as francesas, americanas e canadianas.
Typhoon FGR4 à partida para um missão nocturna |
Na versão 15-1
contudo, o esforço de Guerra no Médio Oriente, limitou a presença de caças,
praticamente aos Typhoon e Tornado da RAF (lançados a partir de Lossiemouth) e
aos Hawk da Royal Navy (a partir de Prestwick) e F-16 turcos ( desde Leeming)
na função de agressores.
CP-140 Aurora canadiano, um P-3C da US Navy e Marinha alemã |
Mesmo as aeronaves de
patrulhamento marítimo (MPA) normalmente bastante numerosas, ficaram este ano
reduzidas a cinco unidades, embora bastante diversificadas, incluindo um P-8A
Poseidon (EUA) dois P-3C (EUA e Alemanha), um CP-140 Aurora (Canadá) e um
Atlantique II. A sua actividade foi ainda assim bastante intensa e com as missões
a durarem entre as cinco e as nove horas cada, revezando-se nos céus.
Aeronaves de transporte
actuaram a partir de Marham e os reabastecedores desde Brize Norton.
A guerra no mar
Posto de observação do Atlantique francês |
Os 55 vasos de guerra que
integraram o exercício 15-1, tornam-no o maior de sempre até à data. Simulando
duas forças navais em conflito, sendo a agressora representada pelo Standing
NATO Maritime Group 2 (SNMG2), actuando contra uma força liderada pela Royal
Navy, sob a égide da NATO.
Um CP-140 Aurora canadiano, presença habitual nos exercícios Joint Warrior |
Se houve lições retiradas
da II Guerra Mundial, a de que os meios aéreos são essenciais para vencer no
mar, é inevitavelmente uma delas. Por essa razão, quer os MPAs de asa fixa com
base em terra, actualmente com capacidade de comunicação em rede com os meios
navais, quer as aeronaves de asa rotativa transportadas pelos próprios navios (Sea
King, S-70B, Lynx, MH-60, SH-60, Merlin, entre outros vários outros modelos),
foram os olhos e os vectores de projecção de força rápida, como se exige a uma
moderna força naval.
Atlantique da Marinha Francesa regressa a Lossimouth após 6 horas de patrulhamento |
A Guerra em terra
Sikorsky HH-60G Pave Hawk da USAF |
Tal como a guerra aérea,
as operações terrestres foram este ano secundarizadas pela magnitude das marítimas.
Ainda assim, diariamente foram conduzidas operações de resgate em zona de
combate pelos HH-60G Pave Hawk da USAF (deslocados de Lakenheath para
Lossiemouth). Apache, Chinook, Merlin, Lynx e Puma, com base em terra ou em
navios de desembarque, realizaram missões diurnas e nocturnas em terra,
incluindo fogo real em vários dos campos de tiro da Escócia. C-130 Hercules estiveram
também presentes nas missões de transporte de tropas e/ou carga, sempre que
necessário.
Aparecer sem ser convidado
Parelha de Typhoon FGR4 equipados com mísseis AIM-132 ASRAAM |
Além das forças e meios
convidados, na primeira edição do Joint Warrior de 2015 compareceram também
alguns não convidados, protagonizando mais um episódio de tensão, nas relações
recentes Leste-Oeste.
Tirando partido das condições
definidas pelo Tratado de Armas Convencionais de Viena, uma delegação russa
solicitou comparência na base aérea de Lossiemoouth, precisamente durante a realização
do exercício. Como estranha “coincidência”, puderam ainda presenciar in loco, a
reacção a um alerta aéreo através de uma parelha de Typhoon, em resposta à aproximação
de dois bombardeiros estratégicos Tu-95… russos!
A participação nacional
Colocação de torpedo Mk.46 no Lynx da EHM |
A Marinha de Guerra
Portuguesa marcou presença este ano, tal como referido, no Joint Warrior.
Foi por isso possível ver
o Lynx n/c 19202 da EHM nas funções de guerra anti-submarina (ASW) e
anti-superfície(ASUW), para as quais foi inicialmente concebido e está,
naturalmente, à vontade.
Adicionais acções incluíram
ainda missões logísticas, acumulando um total de 08h35 (5h10 min em guerra ASW
e ASUW e 3h25 em transporte logístico).
Tanto nas missões
bastante executadas recentemente em cenário real, no domínio das ameaças assimétricas
(pirataria, combate a actividades de tráfico, etc), como na chamada “guerra clássica”,
algo secundarizada durante os anos que sucederam ao fim da Guerra Fria, foi possível
realizar um treino de elevada qualidade e exigência, tirando o melhor partido
da oportunidade de integrar o mais complexo exercício naval da Europa.
Fragata da Marinha Portuguesa NRP Álvares Cabral |
O estreitamento de laços
com a Marinha britânica, tem aliás vindo a ser intensificado, com a Armada lusa
a comparecer já depois do Joint Warrior no Operational Sea Training em
Inglaterra, desta feita com a fragata NRP Vasco da Gama, permitindo tirar
partido das reconhecidas capacidades e know how da Royal Navy, para incorporar e
partilhar conhecimentos. Novo regresso está também já agendado para a Escócia,
para a segunda edição de 2015 do Joint Warrior.
Agradecimentos: Marinha
de Guerra Portuguesa
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