AW119 KOALA NA FAP

 Texto: Paulo Mata

Artigo publicado nas revistas TakeOff Sirius de Jul/Ago 2020 Aviation News de Jun. 2021 de JP4 de Jun. 2021

A frota Alouette III (AL III) da Força Aérea Portuguesa (FAP) realizou o último voo a 17 de Junho transacto, tal como informámos na última edição da Take Off Sirius. O seu sucessor AW119 Koala havia já chegado à Esquadra 552 cerca de 16 meses antes, cabendo-lhe a ambiciosa tarefa de preencher o lugar de um ícone.

O processo de aquisição

Apesar da substituição do AL III ter sido considerada durante largos anos, o seu fim acabaria por ser precipitado pelo anúncio, em 2016, da intenção por parte do fabricante de descontinuar o fornecimento de peças e certificação de centros de reparação para o motor.  

Após estudo das ofertas disponíveis no mercado e num compromisso entre as missões a assegurar pelo novo modelo (instrução básica, complementar e conversão operacional em asas rotativas, busca e salvamento costeiro, transporte aéreo e apoio à Protecção Civil) e o orçamento de 20,5 milhões de euros alocado na Lei de Programação Militar, ficou definida a preferência por uma aeronave monomotor – tal como o AL III – por maior adequação à instrução e maior economia.

O concurso para aquisição foi publicado em Diário de República a 11 de Maio de 2017, com prazo de apenas 40 dias para a resposta. Dos três modelos considerados inicialmente (Airbus  H125 Ecureuil, Bell 407GXP e Leonardo AW119 Koala) apenas a Airbus e a Leonardo apresentariam propostas. O AW119 Koala seria finalmente anunciado vencedor a 9 de Novembro seguinte, com o contrato de compra de cinco helicópteros e mais dois de opção assinado, finalmente, a 27 de Dezembro de 2017.

A Aeronave

O AW119 Koala foi desenvolvido a partir do helicóptero ligeiro bimotor A109, partilhando com este “irmão mais velho” a fuselagem, cockpit e cabine de passageiros, sistemas eléctricos, hidráulicos e de combustível. Apesar de possuir apenas uma turbina Pratt & Whitney Canada PT6B-37A, o Koala manteve a redundância de sistemas eléctricos e de combustível, o que significa segurança acrescida. 

Doug Edge, piloto de produção da Leonardo

Em visita à linha de montagem dos Koala nas instalações da Leonardo, em Filadélfia, tivemos oportunidade de trocar impressões com o piloto de produção da Leonardo, Doug Edge, que sublinhou estes mesmos aspectos como os pontos fortes do modelo AW119: “essencialmente [o Koala] nasceu como um helicóptero bimotor, pelo que tem sistemas redundantes para tudo, (…) todos os elementos de segurança já lá estavam”. Douglas Edge sublinhou depois as capacidades do motor PT6 que “dá para realizar qualquer missão necessária para a instrução”, tais como “aterragem em auto-rotação ou simulação de falhas de sistemas”. Os 1002 CV de potência da turbina proporcionam, segundo Edge, ele próprio ex-instrutor da US Navy, uma margem de segurança confortável nos voos de instrução, sendo por isso o helicóptero ideal para essas funções. A mesma US Navy demonstraria, pouco depois, concordar com esta afirmação, ao adquirir até 130 Koala (designado localmente TH-73A) para a instrução dos seus pilotos de asas rotativas.

O 29703 na linha de montagem da Leonardo em Filadélfia

A versão portuguesa do Koala vem equipada com um glass cockpit Garmin 1000H NXi, (compatível com o uso de óculos de visão nocturna), que em dois monitores de grandes dimensões permite diversas configurações para múltiplos tipos de missões e de treino. Tem cinco rádios para todas as frequências aeronáuticas, civis, banda marítima e terrestre.

Painel de instrumentos Garmin 1000H NXi do AW119Mk2

Os requisitos definidos para o combate a incêndios florestais foram largamente ultrapassados pelas performances do Koala, conseguindo transportar até seis elementos de uma equipa de ataque inicial em vez dos cinco exigidos, e 100 litros de água acima do mínimo de 800 definido no concurso. De resto, a velocidade máxima de 281 quilómetros por hora faz do AW119 um dos mais rápidos helicópteros monomotores do mercado, com tecto de serviço até 25 mil pés (7500 metros), autonomia até quatro horas e alcance de 990 quilómetros.


Gancho de carga

Farol de busca

O modelo português vem ainda equipado com guincho para recuperador-salvador, flutuadores de emergência e farol de busca para a missão de Busca e Salvamento (SAR), além de gancho para carga suspensa, como o balde Bambi de transporte de água.

O guincho e os flutuadores de emergência bem visíveis na configuração SAR do Koala

Por fim, o facto do Koala da FAP não ter certificação militar permitiu ainda um preço de aquisição mais baixo, bem como tirar partido da cadeia logística do mercado civil para peças de reposição e manutenção.


A transição

Em Setembro de 2018 os dois primeiros pilotos instrutores portugueses iniciaram a qualificação no Koala na fábrica em Filadélfia, EUA, com a duração aproximada de dois meses e meio. Após a chegada dos primeiros AW119 a Beja, em Fevereiro de 2019, estes instrutores ministraram o mesmo modelo de curso aos demais instrutores dos “Zangões”. Foi depois definido pela equipa de instrutores o syllabus do curso de conversão para o novo modelo, a ministrar aos restantes pilotos operacionais da Esquadra 552. O primeiro curso básico de helicópteros totalmente em AW119 tem o syllabus em aprovação, para ser iniciado ainda em 2020 e fará já aproveitamento das capacidades acrescidas no voo por instrumentos.

Treino de aterragem em auto-rotação

Antes dos pilotos, contudo, iniciaram a formação em Filadélfia dois electromecânicos e dois electroaviónicos, que num total de cinco meses receberam os cursos básico de manutenção e de instrutores de manutenção. Os eletromecânicos, sendo também operadores de guincho, realizaram a adaptação ao guincho do Koala, juntamente com os pilotos portugueses. Após a entrega das primeiras aeronaves a Leonardo ministraria, já em Portugal, os cursos iniciais de electromecânicos e electroaviónicos aos restantes elementos da Esq. 552.

Hangar de manutenção da Esq. 552  em Beja

O ano de 2019 foi um período utilizado praticamente na totalidade para a conversão e qualificação de tripulantes e mecânicos na nova aeronave, tendo as poucas missões operacionais realizadas sido quase simbólicas, mas iniciando já a vertente de reconhecimento e avaliação de fogos florestais em Agosto. Dois pilotos instrutores estiveram qualificados simultaneamente no AL III e no Koala, de modo a garantir que todas as missões operacionais eram asseguradas pelo AL III, ao mesmo tempo que se realizava a conversão para o novo aparelho.

A despedida do Alouette III e passagem de testemunho ao Koala em Junho de 2020

Em 2020, e com o aproximar da data de reforma do AL III, as missões operacionais foram transitando para o Koala. No início do ano foram realizadas missões de apoio ao aprontamento das Forças Nacionais Destacadas na República Centro Africana, com Tactical Air Controlers, escolta e tiro real com atiradores helitransportados. Em Maio foi, pela primeira vez, assegurado o destacamento de SAR no Aeródromo de Manobra nº1 em Ovar. Com a época de incêndios deu-se igualmente início, tal como previsto, a um destacamento no aeródromo da Lousã, integrado no DECIR. 

Destacamento da Esq.552 na Lousã no apoio ao DECIR

Balanço

Até ao momento [NR: Outubro de 2020] estão entregues quatro das cinco células previstas em contrato, com a chegada da quinta prevista para Setembro deste ano. A frota realizou até ao final de Agosto passado mais de 1400 horas de voo, das quais cerca de 300 em missões operacionais.

Apesar da falta de certificação militar do AW119 Mk.II  impedir o seu uso em teatro de guerra, não o impossibilita de realizar o treino dessas missões tácticas e a um baixo custo. De igual modo, apesar de não possuir certificação IFR, pode realizar todo o espectro de missões de treino de voo por instrumentos, melhor que o seu antecessor.

Tal como referido atrás, os requisitos para o combate a incêndios foram confortavelmente ultrapassados pelas performances do Koala, sendo que essas o tornam também uma plataforma de SAR bastante superior ao AL III, quer em autonomia, quer pelas características do novo guincho, que ao poder operar a altitudes muito superiores permite, por exemplo, fazer face a obstáculos existentes ou trabalhar com o recuperador fora do efeito do downwash (turbulência) do rotor.


Em termos de manutenção, os ganhos em tempo e custos são enormes, dispensando por exemplo as inspecções entre voos e as diárias que eram obrigatórias no AL III, e passando as inspecções a cada 25 horas de voo para as 50, demorando esta inspecção agora também menos tempo. As inspeções mais profundas, apesar de se manterem às 100 e 400 horas, levam agora menos tempo a concluir, permitindo por isso, taxas de operacionalidade da frota mais elevadas.

O AW119 Mk.II Koala era, na altura do concurso, o melhor helicóptero existente no mercado para o orçamento e missões atribuídas. Entretanto confirmou, já em operação, ser um salto qualitativo enorme e um digno sucessor do legado do Alouette III sob as cores portuguesas. Aquando da despedida o AL III, o ministro da Defesa João Gomes Cravinho assegurou, por isso, a intenção de adquirir as duas unidades de opção previstas em contrato. 

Gomes Cravinho confirmou igualmente estar em preparação o concurso para a aquisição de helicópteros tácticos, capazes de preencher as únicas missões do AL III que o Koala não pode realizar. Mas isso já é uma história para outro artigo.








DE FALCÕES A VÍBORAS - Taiwan tem primeira unidade operacional de F-16V no mundo

Texto e fotos: Tsungfang Tsai


A Força Aérea da República da China (ROCAF – Força Aérea de Taiwan) realizou uma cerimónia a assinalar a Capacidade Operacional Total (FOC - Full Operational Capability) da 4ª Ala Tática de Caça (4ª TFW), que se tornou assim a primeira unidade de F-16 Viper (Bloco 72V) plenamente operacional a nível mundial. A cerimónia inicialmente programada para março de 2021, seria adiada primeiro devido a uma colisão entre dois caças F-5 da ROCAF e já em maio devido a um severo surto de COVID-19. A 18 de novembro de 2021 a presidente de Taiwan Tsai Ing-Wen conduziu finalmente a cerimónia enquanto Comandante das Forças Armadas de Taiwan.

De Bloco 20 a Bloco 72V

Em 1992, a então administração de George Bush decidiu vender a Taiwan um total de 150 F-16 Fighting Falcon por 6000M USD no chamado programa “Peace Pheasant”. Mas Taiwan apenas foi autorizado a adquirir F-16 dos modelos A/B. Após negociações entre todas as partes, nascia o singular Bloco 20, com fuselagem do último Bloco 15 OCU, cauda com características dos Bloco 30/40 e 52 e entrada de ar Bloco 42. O motor era Bloco 32 standard. A 14 de abril de 1997, os dois primeiros F-16 da ROCAF – matrículas 6609 e 6810 - aterraram na Base Aérea de Chiayi, dando início a uma nova era na defesa dos céus de Taiwan.

Em 2012, Taiwan assinou com a Lockheed Martin um contrato no valor de 2700M USD, para modernizar 144 F-16A/B Bloco 20 para o padrão F-16V Viper. As modernizações incluíam um novo datalink LINK-16, radar AESA AN/APG-83 SABR, capacetes JHMCS para utilização com os mísseis AIM-9X Sidewinder, sistema de gestão de guerra eletrónica AN/ALQ-213 e pintura de redução da assinatura radar Have Glass II. Devido a restrições orçamentais, os motores F100-PW-220 não seriam alvo de modificações. 

Em 2018, verbas adicionais permitiram adicionar ao pacote de melhorias da frota os mísseis AGM-154, AGM-88H, designador de alvos AN/AAQ-33 Sniper e o sistema anticolisão com o solo Auto GCAS, para melhorar a segurança de voo. O novo pod DFRM de guerra eletrónica (ECM) também foi incluído para substituir o ALQ-184, mas acabaria por ser adiado, devido a atrasos do lado americano. 

Os trabalhos de modificação nas primeiras células F-16 Bloco 20 da ROCAF tiveram início em janeiro de 2017. Duas seriam a modernizar nos EUA e as restantes em Taiwan, nas instalações da AIDC CCK. As aeronaves com matrícula 6612, 6626, 6811 e 6819 foram as primeiras a ser submetidas ao programa de modernizações em Taiwan.

A 23 de agosto de 2018 a primeira célula modernizada pela AIDC deu início aos voos de teste, com a entrega do primeiro F-16V a ocorrer a 19 de outubro do mesmo ano, quando o 6626 voou das instalações da AIDC em Ching Chuan Kang para a 4ª TFW na Base Aérea de Chiayi.

Alinhamento de Vipers na base aérea de Chiayi

Atualmente, dos 141 F-16 da frota da ROCAF, 64 terminaram já a modernização para o padrão F-16V e foram entregues a Chiayi. A maioria integra aí a 4ªTFW, embora alguns tenham sido relocalizados na Base Aérea de Hualien para reforçar a 5ªTFW, que se encontra algo enfraquecida, devido a parte da sua frota se encontrar a realizar a modernização. 

A AIDC tem mantido o ritmo de entrega dos F-16V em três células por mês, e de acordo com os planos, todas as modernizações estarão completas em 2023. 

Durante o último ano, através de diversos exercícios e treino de bombardeamento de precisão, os Vipers modernizados chegaram à Capacidade Operacional Total, com a utilização do designador de alvos Sniper, disparo de mísseis AIM-120 AMRAAM pela primeira vez na história da ROCAF, largada de bombas de precisão GBU, mísseis AGM-84G e realizado treino de operação a partir de autoestradas em Pitung. 

F-16V armados com mísseis AGM-84 Harpoon


A cerimónia de FOC na 4ªTFW

Patrulha Thunder Tiger

Para a preparação do evento principal, a 4ªTFW iniciou os ensaios no início de novembro. A 2, 4 e 8 de novembro realizaram-se ensaios em pequena escala, seguindo-se ensaios gerais nos dias 10, 12 e 16. Pelas 9h00 de 18 de novembro na Base Aérea de Chiayi descolaram um total de 16 F-16 Viper em três vagas (incluindo quatro spares), todos em parelha, da pista 36 de Chiayi, reunindo em zona de espera, aguardando para o sobrevoo. Após a chegada da presidente Tsai no avião presidencial, o F-16V de matrícula 6635 pilotado pelo Comandante do 21ºTFG (Grupo Tático de Caças) iniciou a taxiagem, aguardando pela autorização para descolar. 

A primeira formação a sobrevoar Chiayi na cerimónia de 18 de novembro

Pelas 10h00 iniciaram-se as passagens, com a primeira formação de quatro F-16V constituída pelos 6803, 6811, 6609 e 6646 na direção sul-norte a cerca de 800 pés de altitude (240m). Entre eles, estiveram simbolicamente o 6811, que pertenceu ao primeiro lote enviado para a AIDC em janeiro de 2017, tendo sido igualmente a célula a realizar muitos dos marcos do programa de modernização. Já o 6609 foi um dos dois primeiros F-16 a aterrar em Chiayi a 14 de abril de 1997.

A segunda formação foi integrada pelos 6816, 6624, 6628 e 6639, seguida da terceira constituída pelos 6802, 6653, 6658 e 6678. Após a passagem das formações a quatro aeronaves, o 6635 descolou para a exibição de performance a solo pelo Comandante Lin, começando com uma subida vertical, oito cubano, passagem baixa a alta velocidade, voo invertido, tonneau de 4 pontos, tonneau lento, passagem em faca, volta de 9Gs, subida à vertical em máxima performance, passagem a baixa velocidade, e aterragem curta, em cerca de 10 minutos.


A demonstração de performance do Cmdt Lin

A cerimónia propriamente dita constou da revista às tropas dos 21º, 22º e 23ºTFGs, pela presidente Tsai, bem como aos 12 Vipers modernizados dos mesmos três TFGs: pertencentes ao 21ºTFG as células 6613, 6614, 6615 e 6619, todos equipados com seis mísseis AIM-120 AMRAAM e pod de guerra eletrónica AN/ALQ-184, demonstrando as capacidades de defesa aérea; as células 6629, 6630, 6637 e 6642 pertencentes ao 22ºTFG equipados com 2 AIM-120, 2 AIM-9X Sidewinder, 6 bombas GBU-12, TGP Sniper e pod ECM AN/ALQ-184 na configuração de ataque ao solo; do 23ºTFG as aeronaves 6647, 6701, 6702 e 6704 com 2 AIM-120, 2 AIM-9X Sidewinder, 2 mísseis AGM-84 Harpoon e pod ECM AN/ALQ-184 na configuração de ataque marítimo.

Viper na configuração de superioridade aéra armado com seis mísseis ar-ar de médio alcance AIM-120 AMRAAM

Viper na configuração de ataque ao solo armado com seis bombas GBU-12 e mísseis AIM-9X Sidewinder e AIM-120 para autodefesa

Após a revista às tropas, a apresentação prosseguiu no hangar 5 da 4ªTFW, onde mais dois Vipers estavam em exposição: o 6826 equipado com 2 AIM-120, 2 AIM-9X Sidewinder, 2 GBU-12, TGP AN/AAQ-33 Sniper, AN/AAQ-20 e pod ECM AN/ALQ-184 e capacete JHMCS. Após o discurso, a presidente Tsai subiu ao cockpit do caça e simbolicamente ligou a ignição. Do lado direito do hangar encontrava-se o F-16V 6661 com 6 mísseis AIM-120 AMRAAM, TGP AN/AAQ-33 Sniper, AN/AAQ-20 e pod ECM AN/ALQ-184. Além dos ainda por entregar AGM-154, AGM-88 HARM e AGM-65 Maverick, quase toda a panóplia de armamento da ROCAF esteve em exibição.

Os pods TGP AN/AAQ-33 Sniper e AN/AAQ-20 nos lados da entrada de ar

A presidente Tsai e o Cdt Lin 

No total 31 F-16V modernizados da 4ªTFW participaram no evento, nas configurações de máxima superioridade aérea, ataque ao solo e ataque a alvos marítimos. Face à intimidação constante das Forças da República Popular da China, a 4ªTFW demonstrou estar preparada para lhes fazer frente.


O futuro


No futuro próximo, os Vipers da 4ªTFW enfrentarão uma intensa atividade, patrulhando a Zona de Identificação de Defesa Aérea sudoeste de Taiwan, que está constantemente a ser violada por aeronaves militares, principalmente da Força Aérea do Exército de Libertação Popular da China. 

Além de maior capacidade no combate aéreo, as aeronaves modernizadas aportam igualmente mais e melhores aptidões no ataque a alvos de superfície, com aviónicos mais avançados e mais furtividade. 

O motor continua, ainda assim, o calcanhar de Aquiles da frota, ainda por resolver. Situação que apenas melhorará com as primeiras entregas em 2023 (em negociação para entrega antecipada em 2022) dos novos F-16 Bloco 70, de uma venda de um total de 66, aprovada pelos EUA. Em qualquer dos casos, os Vipers modernizados continuarão a ser a espinha dorsal da Força Aérea de Taiwan pelo menos durante uma década.




OCEAN SKY 2021


O exercício Ocean Sky 2021 teve lugar nas Ilhas Canárias entre 15 e 29 de Outubro passado. 
Trata-se de um exercício internacional especializado na formação avançada em missões ar-ar e que tem lugar no espaço aéreo das Ilhas Canárias, especificamente ao sul das ilhas, no chamado Delta 79, razão pela qual é necessária uma grande organização em termos de controlo aéreo devido ao grande número de operações que são realizadas durante o exercício.


As missões concentram-se na utilização de múltiplos meios simultaneamente em cenários exigentes, apropriados à realidade geoestratégica, razão pela qual foram criados três países fictícios (Neutroxia (Neutro), Feroxia (Vermelhos ou Agressores) e Bluceronia (Banda Azul). Estas três "nacionalidades" alternaram entre as diferentes missões do exercício.
A defesa aérea das Ilhas Canárias, tal como a do resto do território espanhol, é da responsabilidade da NATO com os bens nacionais (de Espanha) colocados à sua disposição.
Para exercer estes recursos, o Comando Aéreo de Combate (MACOM) implantou as suas unidades de combate na base aérea de Gando (Gran Canaria) e unidades auxiliares no Aeródromo Militar de Lanzarote. As unidades de combate, apoiadas pelo Sistema de Comando e Controlo, uma plataforma AWACS da OTAN baseada na Alemanha, e outras unidades de apoio, realizaram este ano o exercício Ocean Sky.




O objectivo do exercício é treinar as capacidades da estrutura de Comando e Controlo de Combate Aéreo numa campanha de superioridade aérea para aumentar a prontidão de combate ar-ar das unidades de combate da Força Aérea e das unidades estrangeiras convidadas. Esta edição do Ocean Sky envolve o 343º Esquadrão da Força Aérea Grega (F-16), o 31º Esquadrão de Abastecimento e Transporte (A330 MRTT) da Armée de l'air, a 62ª Ala de Transporte da Luftwaffe (A400M), a 14ª Ala da Aeronáutica Militare (KC767), a Força Multinacional Europeia Multirole (MMU) e outras unidades de apoio.


O exercício foi conduzido em quatro fases:
1. Uma primeira fase de 'Geração e Desdobramento de Forças' com o objectivo de realizar todo o pessoal e tarefas de preparação de forças, bem como o desdobramento das unidades participantes.
2. Fase teórica, que incluirá uma série de 'palestras de integração de forças' destinadas ao conhecimento das aeronaves participantes no exercício, Segurança de Voo, Tácticas de Combate, etc., a fim de complementar a formação em voo.
3. Fase prática com missões do tipo DACT (Dissimilar Combat Air Training), numa grande variedade de cenários e com um grande número de aeronaves, para aumentar a interoperabilidade entre as diferentes unidades participantes, bem como para avaliar e melhorar as tácticas, técnicas e procedimentos utilizados neste tipo de missão.
4. Fase final de 'retirada'.
Finalmente, deve recordar-se que este tipo de exercício tem sido realizado anualmente nas Ilhas Canárias desde 2004, embora sob o nome DACT (Dissimilar Air Combat Training). Durante este tempo, numerosas unidades da NATO participaram nelas com a missão de exercitarem extensivamente as suas capacidades. 


O exercício deste ano envolveu cerca de 700 pessoas, 50 aviões de caça, três aviões de apoio que completaram 27 missões de voo e mais de 500 saídas.
Estas missões de formação envolveram países simulados - a que já se aludiu - e zonas de conflito a serem defendidos, com o objetivo de recriar o máximo possível de cenários que possam ocorrer na realidade.
- 3 períodos de combate visual (um contra um - 1 contra 1).
- 9 missões principais (Main Wave) principalmente no período das 9h às 12:30h da manhã.
- Até 30 combatentes envolvidos.
Cenários:
- Defesa de uma Zona Sem Vôo (No-Fly Zone).
- Recuperação de pessoal abatido.
- Defesa aérea e controlo do ar.
- Defesa de Bens Aéreos de Alto Valor.
- 18 missões menores (Onda Sombra) principalmente à tarde, das 16h às 18h
- Até 14 aeronaves envolvidas em duas missões simultâneas diferentes.

Os objectivos do Ocean Sky são principalmente dois, a saber:
1. Formar as unidades da Força Aérea e mantê-las plenamente capazes de agir em qualquer altura com a tarefa que lhes é exigida:
- Defesa do espaço aéreo nacional 
- Controlo do ar 
- Superioridade aérea 
- Abastecimento em voo 
2.- Formação com os nossos aliados para promover a interoperabilidade entre as diferentes nacionalidades da OTAN.
- Melhoria da interoperabilidade 
- Intercâmbio de táticas e procedimentos 
- Reforçar a cooperação internacional

Numerosas unidades da Força Aérea participam na Ocean Sky, incluindo unidades de combate, unidades logísticas e unidades de segurança. Todas participam realizando tarefas diferentes do desempenho de missões, apoio logístico e material necessário à realização do exercício e das unidades de segurança responsáveis pela geração e segurança das unidades de combate participantes e das unidades logísticas destacadas no exercício. Este ano, todas as unidades da Força Aérea que são mencionadas abaixo participaram no exercício, bem como algumas das unidades convidadas a tornar o exercício mais dinâmico. 


Lista de todos os participantes da edição de 2021:
- Asas de Caça 
- Asa 11 / Eurofighter / B. A. de Morón 
- Asa 12 / EF-18M / B. A. de Torrejón 
- Asa 14 / Eurofighter / B. A. de Albacete 
- 15ª Ala / EF-18M / B. A. de Zaragoza 
- 46ª Ala / F/A-18 / B. A. de Gando - Outras unidades de ar 
- 31 Ala / A400M / B. A. De Zaragoza 
- 802 Squadron / HD.21 e D.4 / B. A. de Gando - Sistema de Comando e Controlo 
- Centro de Operações Aeroespaciais MACOM / B. A. de Torrejón 
- Grupo de Alerta e Controlo (GRUALERCON) / B. A. de Gando 
- Grupo Central de Comando e Controlo (GRUCEMAC) / B. A. de Torrejón 
- Grupo de Comando e Controlo do Norte (GRUNOMAC) / B. A. de Zaragoza 
Outras unidades e comandos de apoio ao exercício:
- Comando Aéreo das Ilhas Canárias: Base Aérea de Gando e Lanzarote Aeródromo Militar. 
- Segundo Esquadrão de Apoio ao Desdobramento Aéreo (SEADA) 
- Esquadrão de Apoio ao Desdobramento Aéreo (EADA) 
- Centro Informático de Gestão (CIGES) 
- Grupo de Controlo Aéreo Móvel (GRUMOCA) 
- Unidade Médica Aérea de Apoio à Implantação (UMAAD) 
- Programa de Liderança de Formação (TLP) 
- Participantes estrangeiros 
- Força Aérea Helénica (GRC AF) / 343º Esquadrão de Caças (F-16C/D B52) 
- NAEW&C NATO (E-3A) 
- Força Aérea Francesa (FRA AF) / 31eme Escadre Aérienne de Ravitaillement et de transport stratégiques (A330 MRTT).


Texto e fotografias: Alejandro de Prado 
Pássaro de Ferro/Espanha

ARTIGOS MAIS VISUALIZADOS

CRÉDITOS

Os textos publicados no Pássaro de Ferro são da autoria e responsabilidade dos seus autores/colaboradores, salvo indicação em contrário.
Só poderão ser usados mediante autorização expressa dos autores e/ou dos administradores.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Laundry Detergent Coupons